Estresse: Como ele pode atingir a sua pele

As situações estressantes levam à liberação na circulação sanguínea de substâncias, conhecidas como neuro-hormonios e do hormônio liberador de corticotrfina, o que aumenta o nível de cortisona, epinefrina e norepinefrina por estimulo da glândula suprarrenal. Estas substâncias regulam nossos sistemas imunológico e neurológico.

Quando há alguma situação de estresse, estes mediadores são liberados e modificam profundamente a resposta imunológica das nossas células de defesa, o que ocasiona, por vezes, verdadeiros “curtos-circuitos” e desperta as doenças. Os principais sintomas associados aos estados de estresse são: coceira, aumento de função fisiológica, alterações da resposta imunológica, além das consequências das coçaduras.

Uma parte desta relação entre a pele e o sistema nervoso, é explicada pelo fato de que a epiderme e o sistema nervoso terem a sua origem no mesmo folheto embrionário.

Existem doenças de pele que podem piorar ou serem desencadeadas pelo estresse, como por exemplo, a psoríase e o vitiligo. E por que elas pioram? Quando cito que o estresse promove o aumento da função fisiológica, um bom exemplo é a psoríase na qual há uma produção rápida e desordenada da epiderme, ou seja, a sua função normal, que é a produzir pele, está aumentada. Por isso, as lesões de psoríase se manifestam clinicamente por lesões muito descamativas e avermelhadas. São lesões bem delimitadas, de tamanhos e formatos variados.

A coceira pode ou não está presente, varia de indivíduo para indivíduo. Pessoas muito estressadas podem referir maior coceira, por exemplo. No caso do vitiligo, o estresse, por promover alterações da resposta imune o desencadeia. Existem várias teorias para explicar a causa do vitiligo, porém ela não está totalmente estabelecida.

A teoria neural é a que poderia explicar a sua associação com e estresse, pois nesta teoria acredita-se que mediadores químicos, como a norepinefrina, liberada nas terminações nervosas, poderia provocar a destruição de melanócitos (são as células que produzem a melanina). Clinicamente, se observam manchas brancas, bem delimitadas, que podem variar de tamanho e número e podem se localizar em qualquer parte do corpo.

O estresse também pode gerar aumento da oleosidade da pele e, com isso, induzir o aparecimento de acne. Isto ocorre, pois as nossas glândulas sebáceas possuem receptores para as substâncias citadas acima (os neuropeptídios).

Logo, em situações de estresse, por haver um aumento na liberação destas substâncias, haverá uma estímulo dessas glândulas que produzirão maior quantidade de lipídeos sebáceos (aumento da oleosidade), favorecendo a obstrução dos poros e criando um terreno favorável ao crescimento do Propionibacterium acnes que ocasionará a acne.

Em relação ao envelhecimento cutâneo, o estresse também está relacionado com ele. Por gerar as alterações em nossa imunidade, ele promoverá um aumento dos radicais livres e consequentemente alterações da qualidade do colágeno e envelhecimento celular. Outro fator seria o encurtamento dos telômeros, que são compostos proteicos presentes nos cromossomos e funcionam como um relógio das células.

O paciente deve procurar o médico quando o problema começa a alterar a sua vida, isto é, o seu dia a dia, a convivência com outras pessoas. A imagem como você se vê diferente do que realmente é. Em caso de doenças como a psoríase, o vitiligo, as verrugas, existem tratamentos com medicamentos, mas se associados a outras terapias que diminuam estresse, com certeza, o resultado será muito melhor.

A primeira coisa para solucionar o problema é o próprio paciente reconhecer e buscar ajuda. Depois, buscar atividades que o faça esquecer um pouco das situações de estresse, literalmente, ele deve “se desligar”. Fazer atividades físicas, meditação, viajar, fazer atividades diferentes daquelas cotidianas, mas que dão prazer (um curso de culinária, de fotografia, por exemplo). Existem também grupos de ajuda para doenças de pele, como a psoríase e o vitiligo. A ajuda de um psicólogo ou em casos mais graves de um psiquiatra também pode ser muito benéfica.